Quando eu
ainda quase nada sabia a respeito do veganismo, era como muitas jovens de
classe média, saindo da casa dos 20 e entrando na tão temida casa dos 30. A tal
da terceira década, onde você já realmente não é mais nenhuma garotinha, e tem
que assumir seu papel de mulher na sociedade. Há vantagens nisso? Claro,
inúmeras. Mas também há diversos medos e neuras associadas a essa nova fase da
vida. Ao tornar-se uma "balzaquiana", a mulher é assombrada pelo medo de
envelhecer e ter marcas de expressão denunciando a passagem do tempo, ter perda
de tônus muscular e metabolismo mais lento, medo de passar o tempo “certo” para
ser mãe, conforme manda seu relógio biológico. E é aí que surge a indústria farmacêutica e de
cosméticos, com suas soluções milagrosas. Cremes recomendados para diferentes
faixas etárias, óleos corporais, cosméticos redutores e firmadores, cápsulas de
colágeno e tantas outras “poções mágicas” na busca da eterna juventude.
Obviamente, como a maioria de todas as mulheres, fui também assombrada por
todos esses fantasmas, e sendo uma jovem - sim, jovem - solteira e independente
financeiramente, gastava quase todo o meu dinheiro em cremes, massagens,
tratamentos estéticos, cápsulas energéticas/emagrecedoras/firmadoras e tudo o
mais que a indústria “milagrosa” da cosmetologia me oferecesse à disposição.
Eis que surge
na minha vida o contato com o veganismo, e claro, põe em cheque todo um modo de
vida baseado no culto às aparências, muitas vezes às custas de animais
sacrificados em testes e toda a sorte de crueldades para garantir a nós,
mulheres, peles mais macias e menos celulite. Claro que mudanças começaram a
aparecer na minha forma de pensar, e eu tinha que mudar, também, de atitude. Mas não, não queria sacrificar a vaidade, pois
afinal, sou mulher, e diga-se de passagem, no auge da minha “mulherice”. Apesar
de ter sido uma riponga na adolescência, roupas indianas e ausência completa de
maquiagem, literalmente, não cabiam mais no meu dia-a-dia. Mas é aí que o
veganismo, esse mundo maravilhoso de não-exploração, lhe mostra todas as suas
benesses e maravilhas. Ora, ao tornar-se vegano (a), você automaticamente se
interessa mais por alimentação e nutrição. Vivendo num mundo onívoro, cercado
das facilidades de se comer um hot-dog sempre que não dá tempo de fazer uma refeição
completa, sem se preocupar se está ingerindo a quantidade ideal de “proteínas”
e outros nutrientes (erroneamente) associados à uma alimentação com carne, você
começa a ter que se informar a respeito. Será que realmente estou me
alimentando bem sem carne? Que comer em substituição? De onde tirar meus
aminoácidos, meu ferro e meu cálcio? Aí você aprende que tudo isto está à
disposição no reino vegetal, e se sente melhor. Mas não satisfeito, você quer
mais, e torna-se um aficionado no assunto. Como maximizar a ingestão de
nutrientes? Que alimentos combinar? Que fontes são mais bio disponíveis? Quais
alimentos possuem antinutrientes? O que evitar? E assim você descobre que a
resposta para tudo está no seu interior. Literalmente. A sua forma exterior, e
por conseguinte, a estética, será totalmente dependente da maneira como se
alimentar. E é aí que você é posto em contato com os benefícios das vitaminas,
principalmente as antioxidantes ( A, C, E) e suas maravilhas na melhora da
pele, combate ao envelhecimento e efeitos na saúde em geral. E então você
começa a por em prática. E sente na pele ( e no corpo todo) essa emoção. Sua
imunidade melhora, a pele fica mais hidratada e mais viçosa, a acne desaparece,
linhas de expressão (quem??) e inflamações como celulite vão dizendo bye bye. E
é aí que você percebe que não há nada a lamentar. Você já não se preocupa em
comprar a maquiagem com corretivo "ultra mega power" que saiu nos EUA, pois você
já não tem quase nada a esconder. Pelo menos nada que umas rodelas de pepino no
olho por uns minutinhos não resolvam para você. E é aí que vem a reflexão do
título “ Como jogar dinheiro fora”, que na verdade é o oposto. Você economiza
dinheiro. E muito. Lembro-me que eu usava um creme à base de vitamina C, ( sim,
vitamina C, que se encontra em abundância em qualquer limãozinho), de uma marca
francesa caríssima, que prometia combate à linhas de expressão. Só que a
vitamina C, ou ácido ascórbico, se oxida muito facilmente ao mero contato com o
oxigênio do ar. Então, era uma loucura para passar o creme e tampar
imediatamente, e descobrir com tristeza na próxima “usada” que este já tinha se
degradado, pelo menos na ponta, tornando-se um subproduto amarelo. Enquanto que
as frutas e os vegetais frescos, apesar de também terem alguma perda com o
tempo, são envolvidos pela embalagem mais eficiente que está disponível no
mercado - suas cascas. Basta fazer uso
imediato do vegetal e pronto. As perdas são mínimas e você está de fato
permitindo que a vitamina C reaja com os radicais livres que são produzidos no
seu corpo e lhe previna de consequências indesejadas, como o envelhecimento
precoce, por exemplo. Além do mais, é sabido que a vitamina C participa da
síntese do colágeno, veja só. Você não precisa de nenhuma cápsula nem de nenhum
pó intragável, vindo diretamente do abate de um ser inocente. Basta garantir
sua dose diária de vitamina, e os aminoácidos essenciais (que estão, sim
presentes nas dietas vegetarianas) e pronto, nada de flacidez. Diga-me então,
se isso não é economia? É só fazer uma estimativa simples. Diga para mim, com o
dinheiro que se gasta num creme importado, quantas vezes você consegue ir à
feira?